segunda-feira, 28 de abril de 2008

Um fim de semana diferente: amigos e praia

Esse fim de semana foi bem diferente de todos que eu já passei aqui até agora. Digo diferente no sentido de legal, e não de bizarro.

Depois de jantares e saídas, na 6a consegui burlar meu orientador brasileiro. Também porque não tinha mais nem água pra beber em casa, era imprescindível fazer supermercado.

No meio das compras, o amigo guatemalteca do curso do Felipe liga pra ele e convida a gente pra fazer algo. Porém ele ainda não fala muito bem francês, e ele e o Felipe conversam numa mistura de francês, inglês e espanhol. Ao vivo, ça va, pq a "Imagem em Ação" ajuda um pouco, mas no telefone, é dureza a comunicação. Resultado: o Felipe disse que sim, a gente animava, mas na verdade não fazia a menor idéia do que tinha sido o convite. Fiquei meio brava pq não tinha nem idéia de que roupa vestir pro compromisso misterioso.

Apesar de ter sido "com emoção" o convite era pra uma coisa bem legal. Esse amigo, Fernando, é chef de cozinha e está trabalhando num restaurante aqui. A dona desse restaurante estava inaugurando um novo espaço para cursos de culinária e restaurante, naquele esquema que vc paga um tanto, aprende a preparar o prato e depois come o que vc fez. O lugar era uma gracinha. Tava lotado, mas tinha vinho e tira-gostos liberados. O Fernando é muito legal e namora uma francesa, Julie, que coincidentemente é bióloga com um post-doc em Imunologia!!! Ela é uma graça e ficamos conversando horas. Depois da inauguração, fomos esticar a noite num outro bar, tomamos mais um vinho e foi uma noite muito legal, em boa companhia. Os dois são um pouco mais velhos, 30 anos, mas são muito legais e tbm não conhecem ninguém aqui em Montpellier. Acho que eles estavam em busca de um casal amigo pra sair, viajar, etc. Tomara que tenham encontrado, pq ia gostar fazer amizades locais. É muito bom ter o Felipe aqui, com o Bernardo e a Teka em Pari tbm acaba que a gente nunca fica muito tempo isolado, mas tem hora que faz falta uma companhia a mais pra sair.

No sábado, não teve escapatória e 11h o Claude, meu chefe daqui, ia me pegar pra ir passear com o Carlos, meu chefe daí. Tensões a parte, dessa vez foi mais legal pq o Claude convidou tbm a Randa, a tunisiana que faz doutorado tbm aqui no lab pra ir com a gente. Não me entendam mal, meus dois chefes são mais do que legais, me tratam muito bem, conversam e tudo mais. Sou eu que sou tensa com essas coisas. A mulher do Claude, que é bonitinha demais, tbm foi.

Fomos passear em La Grande Motte. Breve explicação histórica: antigamente, o litoral da região do Languedoc não tinha nada. Só pescadores e mosquitos. Como a água era limpa, as praias eram de areia, e não de pedra como grande parte das vezes, e o lugar era bonito, no década de 70 as pessoas tiveram a brilhante idéia de revitalizar o local para atrair o turismo para a região. La Grande Motte foi a primeira cidade do Languedoc projetada para ser um grande centro turístico. Os arquitetos que projetaram fizeram questão de incluir grandes espaços verdes na cidade e de dar um tom futurista para os prédios. São todos muito diferentes, coisas que eu nunca vi igual. Mas achei bonito.
Lá é uma cidade de veraneio mesmo, ou seja, que só enche no verão. Fica o ano inteiro com centenas de barcos ancorados e as ruas vazias, pra no verão bombar de gente. Como estava um dia muito quente, até que tinham bastante pessoas na praia. Tem clima de praia mesmo, apesar da beleza de fato do lugar nem se comparar com o Brasil.

La Grande Motte. Mas essa não é a praia de nadar. É a praia de olhar, por causa das pedras.


Portinho básico...


Com iatinhos básicos...


Arquitetura.

Para almoçar, fomos numa outra cidade pertinho, Le grau du Roi, que tbm é praia, mas mais simples que La Grande Motte, mais de pescador mesmo. Almoçamos na beira do canal do Porto. Foi ótimo!


Le Grau du Roi. O restaurante era na beira desse canal que cai no mar.

Pra finalizar, passamos a tarde em Aigues-Mortes ("águas mortas" em occitanio). A cidade chama assim pq antigamente, lá pelos 1200, na época das cruzadas, o mar chegava até lá e era de lá que saiam as grandes expedições pro Norte da Africa. Hoje, o mar recuou e está á 6 Km de Aigues Mortes. A cidade é pequenininha, e apesar de ainda ser no Languedoc, já tem grandes influências da Provence, o que dá pra ver pelo estilo das lojinhas. Um dos atrativos da cidade é a grande muralha que a cerca e a Tour de Constance. Essa torre servia de prisão para mulheres, na época da guerra entre cristãos e protestantes, lá pelos 1500 da vida. Antes, não tinha nada que proibisse os protestantes, mas quando eles foram crescendo, a lei que garantia essa liberdade de culto foi revogada, e eles começaram a ser perseguidos. Aqui no Languedoc muitas cidades de maioria protestante resistiram por muito tempo a pressão da Igreja. Foi uma guerra horrível (como todas as guerras) com muita gente morrendo e fazendo bobagem dos dois lados. É muito impressionante pq nessa torre tem gravado na terra a palavra "Resister", que foi feita ao longo de 30 anos que uma mulher ficou presa lá, negando a se converter á fé católica. A mulher escreveu na pedra com a unha á 500 anos atrás e o trem ainda tá lá!!!

Tour de Constance



Resister!

Emcima das muralhas. Tour de Constance no fundo. Pessoas em ordem de proximidade da câmera: Randa, Martha (esposa do Claude), Claude (só o topo da cabecinha grisalha), e Carlos

Depois disso, voltamos pra Montp. Chegando aqui a Randa me chamou pra ir no shopping com ela. Ela falou que tinha uma loja em promoção, que ela tinha experimentado 500 coisas, mas que não conseguia decidir sozinha. Fui lá com ela e foi ótimo. Ela tem um noivo que mora em Perpignan, pertinho daqui. Eles casam 9 de agosto na Tunísia, com toda a tradição muçulmana!!! Deve ser muito legal, e ela me convidou, mas na Tunísia, fica um pouco complicado. Mas quem sabe? Depois de lá, a gente deu mais umas voltinhas e ela ficou toda feliz. Falou que mesmo com o noivo aqui, ela sente falta ás vezes de uma companhia feminina pra bater perna em loja. E faz mesmo... Nenhum homem, nem o mais santo de todos tem paciência com isso. Combinamos de repetir o programa mais vezes.

No domingo, lavar roupa e mais um jantar, o que está virando rotina, tô até acostumando em ficar educadinha e puxar papo em francês com pessoas com as quais eu tenho 0 liberdade. Mas o saldo geral foi positivo!

8 comentários:

Anônimo disse...

Clo,

Adorei os passeios, praias, jantares... parece q foi tudo mto bom!!
Mas.. e as fotinhos da praia??

Miró disse...

Clarinha,
tava com saudade do seu blog. To mega desatualizada! Mas, vou te dizer uma coisa. Se a sua maré de azar nao passar (mas eu torço para que já tenha passado), vc pode arrumar um emprego muito melhor que esse nosso: escrever guia de viagem! Minina, vc é ótima para descrever os lugares! Até fui pra praia lendo esse post, cheguei a ver a mulher com as uínhas escrevendo na pedra. Muito bom!
Saudades.
Bjos!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Agora sim!!
Obrigada!!!

Aquiiiiii seu telefone ainda funciona??

Mariana disse...

Oi Sis!!!!
Estou vendo que continua batendo perna pela France!!Aproveite bem aí, mas manda sinais de fumaça de vez em quando. Bju

Anônimo disse...

Clara Guerra, você me mata de rir !! Suas classificações são ótimas (praia de olhar / praia de nadar) !!! kkkkkk

Já estou quase graduado em história da França ! Continue com as aulas blogais !

Tchtchoe: NO LUCRO - O Cruzeiro, apesar da derrota de 2 x 1 para o respeitadíssimo Boca Juniors (leia- se "runiors"), pode considerar positivo o resultado. Uma vitória simples por 1 x 0 em casa classifica o azul celeste. O jogo foi todo a favor do time argentino. O fato "La Bombonera" pesou (como sempre pesa). Mas, na minha modesta opinião, a maior parte da culpa foi do técnico Adilson Batista, que mais uma vez "inventou moda" ao tirar Jadílson e colocar Henrique, jogando em um 4-5-1 retrancado, em plena La Bombonera. Não satisfeito, no segundo tempo, sacou Guilherme e colocou (PASME - A la Clara Guerra) Jonathan, isso porque perdia por 2 x 0. Milagrosamente, Fabrício chutou com potencia de fora da área, e contou com o desvio de Gonzales, que tirou a bola da direção do goleiro, morrendo no fundo das redes.

Porém, ao final do jogo, um dos bandeirinhas foi atingido por uma pedra jogada pelos torcedores, o que causou-lhe um corte profundo na testa. O árbitro, imediatamente, terminou a partida e anotou o ocorrido na Súmula. O Depto. Jurídico do Cruzeiro já ingressou com um pedido de punição ao time argentino, com penas de multa ou até perda do jogo, por placar de 3 x 0 para o Cruzeiro.

Aguardandos novas notícias. Assim, que avisado, lhe informarei.

Editor Chefe: Daniel Starling

Um abraço e um beijo, e desculpa o meeeeeeeeega comentário.

Saudade da dupla dinâmica !

Anônimo disse...

Clara:estou aprendendo a enviar co-
mentários ao seu blog que eu adoro.Vamos ver se consigo.Isto é um teste.Muitos beijos e saudades.
Vóvo Zézé

Clará disse...

Eh Vo!!! Deu super certo! Quero mais comentários agora! Que bom que vc está gostando do blog!