Chegando morta de Marseille, já estava separando a minha roupa pra lavar no dia seguinte, pensando onde eu ia vagar sozinha no fim de semana...
Quando eu consegui reunir forças o suficiente, liguei o computador e acabei durando um tempo, olhando algumas pendengas.
Quando já era bem tarde, a Teka e o Bernardo (que me ligam de graça aqui), me ligaram pra falar que tavam lá na casa da Teka e que no dia seguinte ia ter uma festa numa boite tal, que ia ser muito boa. No domingo a Teka iria de vez pra cidade dela e seria tipo uma "despedida". Fiquei conversando um tempo com eles e depois fui deitar pra dormir.
Fiquei pensando, e me deu muita vontade de ir pra lá, reencontrar todo mundo, fingir por um momento que eu não tô tão longe assim... Mas o problema é que Montpellier não é exatamente perto de Paris. Eu teria que ir no sábado e voltar no domingo. Olhei a passagem de trem, 108 euros ida e volta... É... ia ficar pra próxima.
Mas acho que o tempo que eu fiquei sozinha de tudo em Marseille, até das pessoas que ainda são meras conhecidas, mas que pelo menos sabem meu nome, me deixou meio carente.
No dia seguinte acordei, passei aspirador de pó no meu quarto, e já tava indo lavar roupa. Comentei com a Maria, que mora comigo, que eu tava doida pra ir pra Paris, mas que não tinha jeito, que tava caro e tal. Ela perguntou se eu tinha olhado passagem de avião. Dependendo do dia, das promoções, fica até mais barato. Resolvi então, antes da lavação, entrar de novo na Internet, só pra desencargo de consciência. Nessa, encontro com a Teka e o Bernardo no MSN. A pilha aumenta. Dá mais vontade de ir. Mas a porcaria do site do avião não entra. Ai meu Deus! Acho que vou pagar 108 euros. O Bernardo vê uma passagem de trem mais barata na Internet. Parece que entrou na promoção agora. Ai meu Deus! E agora? 80 euros ida e volta já tá mais razoável. Mas já são meio dia e o site não aceita meu cartão de crédito! Ai meu Deus e agora? Corre lá na estação que de repente tá até mais barato!
Do jeito que eu tava, de calça de pijama, calcei um tênis, nem penteei cabelo, saí correndo muito! A gare é á dois pontos do tramway que pára aqui perto. Cheguei lá, 60 euros ida e volta! Quase metade do preço. Mas o trem saía as 16h, chegava em Paris 19h... Eu ia passar 24h lá. Pegar ou largar! Sem pensar demais, comprei a passagem!
Voltei pra casa pensando ora que eu tinha tido a manhã, ora que eu era descompensada de fazer isso. Tomei banho, arrumei as coisas correndo e fui!
Pra melhorar ainda mais a minha vida, faltando 20 minutos pra chegar o trem pára. Problemas na pista, questão de segurança, frescura... Atrasou ainda mais meia hora! Mas eu cheguei muito feliz! Parecia que eu tava chegando em casa! Andei pela doidera do metrô de Paris como se eu fizesse isso a anos! Chegando na estação da casa da Teka, andei pela rua como se fosse o meu bairro! Cheguei na casa dela como se fosse a minha! Pelo menos eu sentia como se fosse mais minha do que a de Montpellier e com certeza muito mais do que Marseille! Tava a Teka, a Lívia, o Bernardo, a Cláudia mãe delas e a Cristina, uma amiga dela. Ficamos batendo papo, comendo umas coisinhas... Por um segundo, aliás, por vários minutos, a gente esquece que tá na França. Parecia que a qualquer segundo ia tocar a campainha e ia entrar todo mundo pela porta pra fazer uma pré antes de ir pra festa. Só por esse momento, a viagem relâmpago já valeu a pena.
Fomos então arrumar pra festa. Ia tocar Ministry of Sound (que dizem que é bom, mas eu como uma completa ignorante da cena eletro mundial não tenho a menor idéia), numa boite que chama Mix. O Bernardo alertou que lá era bem MIX mesmo. Gente de todo tipo.
Já na entrada fiquei tensa.Tinha aqueles homens que avaliam se vc está adequada pra entrar. Pra mim, isso era coisa de sitcom americana, mas por aqui é realidade! Só faltava eu ter feito essa peripécia toda e ser barrada! Mas entramos bem!
Chegando lá, encontramos com umas amigas do Renato, irmão da Júlia Badaró (Tuzin, c conhece tbm?), que estavam lá pra fazer um curso de francês, depois de terem viajado pela Europa de mochilão dezembro inteiro. Elas passaram vários perrengues de albergue, tadinhas. Essas são elas.
Elas levaram um amigo da sala delas, que a primeira vista parecia um tadinho. Cara de 10 anos de idade, uma roupinha de vovô e todo desengonçadinho... Mas o povo dessa Europa é muito doido!
Primeiro de tudo, na boite, são os homens que dão a vida pra dançar! Eles se acabam! Nem tem esse negócio de mulher. Pelo menos eu não vi ninguém chegando em ninguém. As mulheres ficam dançando panguinhas num cantinho. A dança da moda é apenas com os braços. Movimentos enormes, aleatórios, travando o cotovelo e de vez em quando enlaçando a cabeça! Tipo praticamente coreografado!Nem dá pra ficar perto!!! E ficam 800 homens meio que competindo pra ver quem mexe mais!
Mas voltando ao amigo tadinho, digo que ele foi simplesmente a atração da noite! No meio da braçaiada toda dos homens (que tirando algumas variações, é quase igual), o menino me começa a fazer movimentos completamente ao acaso. Teoria do caos geral, sem a menor lógica! Ele mexia o braço, aí de repente ia até o chão, de repente dava um pulinho, mexia com com o suéter de vovô que tava amarrado no pescoço como se fosse uma fita de ginástica ritmica! E vc via que tudo vinha de dentro! Cada movimento era uma reação proporcionada pela música do momento. Eu arrisco dizer que ele dançou a noite toda sem repetir nenhuma vez o mesmo passo! A galera do bracinho ficou boba com a originalidade do rapaz. De repente tinha 80 homens na nossa rodinha só vendo o amigo dançar! Como nós mulheres ( e o Bernardo), não estávamos á altura de tamanha originalidade, fomos expelidas da roda!!! No final das contas, as tadinhas éramos nós... Mas nos divertimos mesmo assim, apesar de ser um ambiente bem estranho e as músicas não estarem tão boas.
Falando em música, Michael Jackson bomba demais aqui (vc já sabia, né Juju!). Na hora que toca, a pista lota! A única música que bomba mais que ele é uma antigassa e que toca completamente fora do contexo. Tipo dá uma pausa no universo pra tocar ela, e depois o DJ volta ao normal.
É aquela
Sweet dreams are made of this
Some of them want to use you
Vcs não tem noção do que acontece quando toca essa música! As pessoas piram!!! E diz o Bernardo e a Teka que em outras boites que eles foram em Paris acontece a mesma coisa. A gente chegou a conclusão que se o Michael Jackson gravasse essa música, naõ ia ter pra ninguém. As pessoas iam morrer!Pra is embora, pegamos um ônibus, pq o metrô não funciona de madrugada. Só que a linha que a gente pegou dava a volta em Paris inteira, mas inteira mesmo, literalmente! E ainda não tinha nenhum ponto que parava pero do Bernardo, tadinho!
Chegamos em casa e dormimos, pq no dia seguinte íamos acordar cedinho pra ajudar a fazer a mudança da Teka pra Amiens.
A Cristina amiga da mãe dela tem um carro, e elas íam ainda alugar outro pra caber tudo e todo mundo. Acabou que essa parte demorou um pouco, então saímos meio tarde pra ir pra lá.
Amiens fica a cerca de 1h e meia de Paris. A cidade é pequena, mas muito bonitinha. Mas eu só tirei essa foto, dentro do carro... Quase road trip again!
2 comentários:
oi Clara!
fiquei uns dias sem entrar e adorei achar tanta coisa nova para ler!
Vai tranquila que vc está mesmo indo muito bem. Tem uma música do Asdrúbal Traz o trombone (?) que fala assim: "Eu preciso de pessoas animadas, e ânimo tem quem conhece e vence o medo! Vou fazer os raios trabalharem prá mim, porque não basta que eles já não caiam na minha cabeça.... e por aí vai. Lembrei dela lendo seu blog e suas aventuras e desventuras.
O Luiz meu amigo, que escreve sobre vinho no Estadão e na Gula vai praí em março para um degustação de vinhos, acho que uma coisa tipo um festival bem pertinho aí... Ele chega em Montpellier acho que dia 14 de março. Ele vai te procurar e como o Felipe já vai estar por aí (pelas noticias que a Ana me contou) quem sabe vcs não vão com ele visitar uma vinícola? E vc ainda pode apresentar sua amiga enóloga!
Bom, estou aqui em Sampa e daqui a pouco vou sair. Tenho que aprontar. Um beijo grande querida!
clara!
te amo pra sempre, amém!
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