sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Oncontô? Proncovô? Quemcosô?

Aqui no laboratório eu muito bem tratada! Graças a Deus não tenho nada a reclamar. Mas é inevitável sentir , ás vezes e de algumas pessoas, a emissão da mensagem: "Você não é daqui!".
E geralmente não é de uma forma agressiva ou sem educação. Eu penso que é da mesma forma que eu trataria um ET que chegasse na minha casa, ou um índio!

Isso aparece muitas vezes no tipo de pergunta que eles me fazem ("Vc já experimentou vinho?", "Já ouviu falar da culinária francesa?") e na forma de falar, como se vc fosse surda, ou tivesse 5 anos de idade. Ás vezes isso transparece uma curiosidade, o que não me incomoda de jeito nenhum. Mas tem dias, não sei se efetivamente devido a alguma atitude deles ou a um mau humor da minha parte, ás vezes eu sinto um pouquinho de preconceito. Mas não do tipo discriminação . É mais como se eles estivesse fazendo uma grande caridade em me receber. Eu, a pobrezinha da menina do 3o mundo que quer ser cientista, mas coitada, não tem oportunidades dentro do seu país miserável. Que tbm não deixa de ser um pouco verdade, e talvez justamente por isso que me incomoda tanto!

Ontem aconteceu um episódio que me fez pensar nisso. Aqui, cada um tem seu jogo de pipetas pra chamar de seu. Menos eu. Eu gosto de entender que é pq eu vou ficar pouco tempo e não seria necessário investir nisso. Enfim, eu sempre pego de outras pessoas, avisando-as antes, naturalmente. Cada um aqui tem a sua bancada tbm. Mês passado me mudaram de lugar, para uma bancada menor, pra uma menina que entrou pra ser técnica ficar com a minha. Gosto de pensar do mesmo jeito que eu falei: é pq eu vou ficar pouco tempo e eles tem que dar preferência pra quem vai se instalar mesmo aqui. Aí eu fui pegar a pipeta de uma moça lá, como eu preciso fazer para sobreviver aqui! Nisso, uma outra moça, que sempre foi uma gracinha comigo, chegou pra mim com uma vozinha da SuperNanny dando lições para as criancinhas mal-criadas e disse: "Aqui a gente não pega as coisas dos outros assim não!". Eu tentei explicar pra ela a questão toda das pipetas e ela falou mais algumas coisas, mas eu fiquei com tanta raiva que nem escutei direito! Fiquei muito mau humorada o resto do dia! Quando vc acha que realmente já está ambientada no lugar, sempre tem algo pra te dizer que você não pertence a este lugar!

Essa preocupação da não-pertencência se alia a outra que, aparece com a perspectiva da volta. Outro dia a gente encontrou uma carioca surtada na rua, que vendo que a gente falava português ficou querendo ser nossa melhor amiga. Ela contou que ela mora aqui a 8 anos, e a 1 ano o marido dela morreu. E ela tá aqui ainda, passando perrengue, desempregada. A gente logo perguntou pq ela não voltava pro Brasil. Ela meio que enrolou a resposta, mas o que ficou claro pra mim foi que ela tinha feito tanto esforço pra ser daqui, falar bem a língua, se adaptar ao estilo de vida, que ela não conseguia mais se imaginar no Brasil. Mas ao mesmo tempo ela não se sentia totalmente acolhida aqui. Nem lá nem cá, vc passa a pertencer a um vácuo!

Claro que eu sei que 1 ano é coisa pouca, e todo mundo me fala que nada mudou, que tá tudo exatamente a mesma coisa. Mas é mentira, pq tudo muda o tempo todo, inclusive eu! Não tem aquilo de que um homem nunca entra 2x no mesmo rio, pq nem ele nem o rio são os mesmos? Aí me dá muito medinho de pensar nessa volta.

E ontem aconteceu algo que me deu mais medo ainda! Fomos num restaurante com a Júlia e eu pedi um Cassoulet, que é um prato típico daqui, com feijão branco. O tal do feijão, que eu não como á 7 meses, caiu igual uma granada no meu estômago e eu passei mal demais! Tive até que tomar Sal de Andrews, e olha que eu não tomo remédio nem quando estou a beira da morte! Ficou aquela queimação típica de feijão!

A constatação de que meu estômago tá virando um gringo fresco pra comida tá me dando pânico! Será que eu vou ter diarréia do viajante quando eu chegar? Acho isso o cúmulo do podre! Afinal de contas, sou mineira criada a tropeiro com muito torresmo! Se meu organismo não aceitar mais isso é como se eu perdesse a identidade!!! Socorro!

Taí o vilão: o primo branco da feijoada!

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu sempre disse e agora repito: A CULPA É TODA DO FEIJÃO.. O povo acha q é frescura minha, mas não é.

Bjos

Anônimo disse...

Muito bom isso de atualizar sempre! E nao se preocupe com essa coisa de ser o peixe fora dagua! A gente tah quase voltando e familia eh para essas coisas! ahueahueaheu
Beijao
E daqui a pouco estou ai de novo!

Dri disse...

Ahh, mas feijão branco é ruim demais!!! Nem chega nem aos pés de uma feijoadinha de feijão preto e torresmo, por exemplo. Fique tranquila que na vc não terá problemas. E aproveite bem esses últimos meses pq quando voltar para Brasil certamente ficará com saudades daí. Pode crer!

Dri

Anônimo disse...

Clo,
Na verdade o problema pode não estar no feijão mas nos temperos que vc não esta acostumada.... Fique tranquila q qdo vc voltar tudo vai dar certo!!!!

Beijos

patricia duarte disse...

Puxa vida! fiquei uns dias fora do ar, por conta dos trabalhos que tinha de fazer aqui para concluir meu curso e por conta de cinco dias de férias na praia, porque ninguém é de ferro, e fiquei totalmente desatualizada. Estou boba com a produção do Oui,uai! Vou precisar de uns dias para por a leitura em dia. Depois volto para comentar. Beijinhos procês!