terça-feira, 18 de novembro de 2008

O outro lado de Paris

Eu estive muitas vezes em Paris durante essa minha estadia aqui, mas desconfio que a Paris que eu conheço melhor não é a Paris dos sonhos da maioria das pessoas (e dos meus tbm).

Eu só tive um dia típicamente turístico em Paris, no primeiro dia que eu cheguei aqui, quando eu mal tinha descido do avião e já fui submetida ao combo Sacre-Coeur-Torre Eiffel-Louvre no mesmo dia! Mas mesmo assim, foi um dia turístico do tipo mochilão, com grana contada, comendo pizza da promoção e tal. Nada do glamour de assentar em um café, cercada de patisseries e ver a vida passar.

Depois disso, as minhas visitas a Paris acabaram sempre passando pelo olhar de quem vive nela como estudante, sujeito aos perrengues que lhes são peculiares, e não pelo olhar do turista maravilhado que flana pelas ruas, monumentos, museus, quase flutuando e que depois escrevem textos apaixonados declarando seu amor pela cidade e jurando um dia voltar pra ficar.

Não me entendam mal. A Paris do mochileiro, a Paris dos estudantes, a Paris do perrengue, continua sendo linda! E mesmo vendo por trás desses olhares, eu visitei alguns dos ditos "pontos turísticos" e achei tudo deslumbrante. Mas essa Paris não te faz flutuar. É uma Paris mais de realidade e menos de sonho. É a Paris onde seu dinheiro encolhe. Onde as vitrines e os menus dos resturantes são só para olhar. É a Paris que acorda ainda no escuro pra sair pra vida. É a Paris que é muito mais negra do que branca. Que tem mais cheiro de kebab do que de baguete. Que se parece mais com a Avenida Paraná do que com a Praça da Liberdade. Que tem gente dormindo na rua. É a Paris onde coisas como essa acontecem (eu já vi acontecer algo do tipo mais de uma vez...). É a Paris de verdade. Continua linda, como eu acredito poucos lugares no mundo devem ser. Continua muito rica, diversa. Até mais, eu acho. Cada minuto passado nela continua valendo uma aula de história.

Mas eu duvido que seja essa a Paris que os turistas esperam encontrar. Acredito até que muita gente passa por ela sem se dar conta de que ela existe. Eu mesma ás vezes custo a acreditar no que eu vejo. Mas Paris é esta. É a bomba relógio que já me falaram que explodirá no segundo em que seus reais habitantes, vindos das periferias, das minorias, resolverem se rebelar numa 2a Revolução Francesa. E isso é muito pouco falado. Ninguém tinha me contado que era assim! É como a guerra do Congo e o massacre de Ruanda que nem chegam direito no Jornal Nacional, e que eu tbm não sabia da gravidade. Me deixa preocupada o tanto de coisa que acontece de verdade no mundo e que eu não sei.

Eu amo essa Paris real, com tudo de bom e de ruim que ela tem. Mas vou confessar que, com a chegada dos meus pais e da minha madrinha (sim, eles vêm me visitar semana que vem!!!), e com eles a possibilidade de viver um pouco essa Paris turística, de se assentar em cafés, de flutuar, está sendo um sonho pra mim. Finalmente vou conhecer a Paris que eu queria! Mesmo sabendo que ela é um pouco de mentirinha...

3 comentários:

Mariana disse...

Ei, sis!!Estou morrendo de inveja de vcs passeando em Paris.....Mas um dia eu chego lá.Que bom que vc tá voltando, né? Quem sabe quando vc for visitar o Felipe eu não vou junto,heim?

patricia duarte disse...

Ei Clará! Quis ligar para o Betinho e Mary e Nisinha e desejar boa viagem e coisa e tal, mas fiquei numa correria louca o dia todo e, quando vi, já tinha passado da hora. Transmita o meu recado a eles (rsrsrs), por favor. E uma semaninha de 10 dias bem animada para vocês. bjim

Geraldo Mendes disse...

Clarete, tava ouvindo essa musica hoje e me lembrei da sua volta.

Tô Voltando
Simone

Pode ir armando o coreto
E preparando aquele feijão preto
Eu tô voltando
Põe meia dúzia de Brahma pra gelar
Muda a roupa de cama
Eu tô voltando

Leva o chinelo pra sala de jantar
Que é lá mesmo que a mala eu vou largar
Quero te abraçar, pode se perfumar
Porque eu tô voltando

Dá uma geral, faz um bom defumador
Enche a casa de flor
Que eu tô voltando
Pega uma praia, aproveita, tá calor
Vai pegando uma cor
Que eu tô voltando

Faz um cabelo bonito pra eu notar
Que eu só quero mesmo é despentear
Quero te agarrar
Pode se preparar porque eu tô voltando
Põe pra tocar na vitrola aquele som
Estréia uma camisola
Eu tô voltando

Dá folga pra empregada
Manda a criançada pra casa da avó
Que eu to voltando
Diz que eu só volto amanhã se alguém chamar
Telefone não deixa nem tocar
Quero lá, lá, lá, ia, porque eu to voltando!