Explico: meus pais e minha madrinha chegaram.
Muitos passeios, mas muita correria pra conciliar o trabalho!
Depois conto tudinho!
Voltem aí depois!
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Sumiço
terça-feira, 18 de novembro de 2008
O outro lado de Paris
Eu estive muitas vezes em Paris durante essa minha estadia aqui, mas desconfio que a Paris que eu conheço melhor não é a Paris dos sonhos da maioria das pessoas (e dos meus tbm).
Eu só tive um dia típicamente turístico em Paris, no primeiro dia que eu cheguei aqui, quando eu mal tinha descido do avião e já fui submetida ao combo Sacre-Coeur-Torre Eiffel-Louvre no mesmo dia! Mas mesmo assim, foi um dia turístico do tipo mochilão, com grana contada, comendo pizza da promoção e tal. Nada do glamour de assentar em um café, cercada de patisseries e ver a vida passar.
Depois disso, as minhas visitas a Paris acabaram sempre passando pelo olhar de quem vive nela como estudante, sujeito aos perrengues que lhes são peculiares, e não pelo olhar do turista maravilhado que flana pelas ruas, monumentos, museus, quase flutuando e que depois escrevem textos apaixonados declarando seu amor pela cidade e jurando um dia voltar pra ficar.
Não me entendam mal. A Paris do mochileiro, a Paris dos estudantes, a Paris do perrengue, continua sendo linda! E mesmo vendo por trás desses olhares, eu visitei alguns dos ditos "pontos turísticos" e achei tudo deslumbrante. Mas essa Paris não te faz flutuar. É uma Paris mais de realidade e menos de sonho. É a Paris onde seu dinheiro encolhe. Onde as vitrines e os menus dos resturantes são só para olhar. É a Paris que acorda ainda no escuro pra sair pra vida. É a Paris que é muito mais negra do que branca. Que tem mais cheiro de kebab do que de baguete. Que se parece mais com a Avenida Paraná do que com a Praça da Liberdade. Que tem gente dormindo na rua. É a Paris onde coisas como essa acontecem (eu já vi acontecer algo do tipo mais de uma vez...). É a Paris de verdade. Continua linda, como eu acredito poucos lugares no mundo devem ser. Continua muito rica, diversa. Até mais, eu acho. Cada minuto passado nela continua valendo uma aula de história.
Mas eu duvido que seja essa a Paris que os turistas esperam encontrar. Acredito até que muita gente passa por ela sem se dar conta de que ela existe. Eu mesma ás vezes custo a acreditar no que eu vejo. Mas Paris é esta. É a bomba relógio que já me falaram que explodirá no segundo em que seus reais habitantes, vindos das periferias, das minorias, resolverem se rebelar numa 2a Revolução Francesa. E isso é muito pouco falado. Ninguém tinha me contado que era assim! É como a guerra do Congo e o massacre de Ruanda que nem chegam direito no Jornal Nacional, e que eu tbm não sabia da gravidade. Me deixa preocupada o tanto de coisa que acontece de verdade no mundo e que eu não sei.
Eu amo essa Paris real, com tudo de bom e de ruim que ela tem. Mas vou confessar que, com a chegada dos meus pais e da minha madrinha (sim, eles vêm me visitar semana que vem!!!), e com eles a possibilidade de viver um pouco essa Paris turística, de se assentar em cafés, de flutuar, está sendo um sonho pra mim. Finalmente vou conhecer a Paris que eu queria! Mesmo sabendo que ela é um pouco de mentirinha...
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
A saída da piscina
E aí vem o medo. Sim, dá medo de voltar. Muito medo! Minha mãe fica em pânico, achando que eu não gosto mais do Brasil, que eu tô pensando em passar o resto da minha vida aqui e coisa e tal, mas não é nada disso. Claro, óbvio, evidente que eu quero voltar. Não passou, nem por um minuto, na minha cabeça de ficar aqui mais tempo do que o necessário.
Mas o caso é o seguinte... Essa coisa de ir morar fora é como pular numa piscina gelada (já até usei essa analogia aqui, mas acho que foi com um rio... sei lá, não achei). Quando vc tá na beiradinha, prestes a pular na piscina, tem aquela adrenalina toda, pq vc SABE que vai estar frio. A antecipação é um sofrimento só. Aí vc pula. Durante 10 segundos, vc estremilica de frio e pensa que vc não vai dar conta. Mas aí vc acostuma. Pára de sentir frio e até se diverte na piscina. Só que chega uma hora que vc tem que sair. Chega uma hora que vc QUER sair. Só que vc ficou um tempão lá dentro da piscina, e do lado de fora começa a esfriar. Vc sabe que tem um roupão felpudo e um chuveiro quentinho te esperando lá fora e que o almoço já vai até pra mesa. Não está mais excelente dentro da piscina, mas vc sabe que pra chegar no roupão e no chuveiro, vc vai ter que sair da piscina e aguentar um ventinho frio. Aí dá um pouquinho da mesma sensação que vc teve antes de pular.
Acho que é isso... A gente acostuma com a piscina fria e por um segundo pode parecer que do lado de fora está mais frio do que dentro. Mas vc sabe que é questão de segundos de frio e vc já vai vestir o seu roupão felpudo quentinho e aconchegante novamente.
Imagem daqui.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Encaixotando pessoas
Logo depois da enxurrada de posts sobre a vitória do Obama na maioria dos blogs que eu costumo acompanhar, veio uma outra enxurrada de posts sobre um outro assunto, mas dessa vez a enxurrada foi de água fria. Todo mundo começou a falar da tal proposição 8 que foi aprovada na Califórnia, que diz que apenas a união entre homem e mulher será reconhecida pelo estado, tirando assim os direitos de milhares de casais gays que desfrutam de uma união estável. Um retrocesso paradoxal no meio da euforia do advento do progresso. Mas não parou por aí a notícia. Pior do que essa vitória homofóbica nojenta foi a constatação de que o voto do eleitorado negro foi fundamental para ela. Pior: 75% das mulheres negras votaram para a aprovação do absurdo. E o povo ficou chocado, triste, arrasado por constatar este fato.
E aí que eu fiquei incomodada. Mas não foi só pela notícia da aprovação em si. Alguma coisa me causava estranheza nessa notícia. Na forma como ela foi colocada. Na hora em que ela vazou internet afora. E eu custei pra entender exatamente o quê estava me encafifando. Mas aí eu tive um momento de iluminação pessoal que encaixou vários fios soltos de pensamento que já estavam boiando no meu cérebro a algum tempo. Se vc tem preguiça de post grande e mais ainda de devaneios, pode parar por aqui que eu deixo, sem ficar magoada. Mas agora eu vou falar! Vou tentar ser o mais organizada possível com meus pensamentos, mas não tô prometendo nada!
1° de tudo, me incomodou, logo depois do mundo estar eufórico com a eleição de um negro para presidente da maior potência mundial (o que foi uma coisa MUITO importante), que se espalhe uma notícia que manda uma mensagem (nem tanto) subliminar de que os negros foram culpados por ajudar a estabelecer uma medida retrógrada. Mais do que isso, as mulheres negras foram o carrasco da situação. É como se quisessem dizer: "Tá todo mundo aí felizinho com o negão, achando que ele vai mudar o mundo, né? Mas não é assim não! Espia só o que os amiguinhos e principalmente as amiguinhas dele tão fazendo na Califórnia!". Sei lá se eu estou sendo paranóica e conspirativa, mas achei estranho.
Num segundo momento, eu fiquei meio surpresa com a surpresa das pessoas que deram a notícia. Tava todo mundo boquiaberto de tantos negros terem votado a favor da emenda. E por que? Por que por eles serem uma minoria discriminada quer dizer que TODOS eles são bonzinhos e esclarecidos e éticos e se compadecem e lutam por todas as outras minorias? Quer dizer então que tbm não existe gay com preconceito racial? Eu acho racismo e qualquer outra forma de preconceito uma coisa nojenta e completamente burra, mas, pra mim, idiota tem de tudo quanto é cor, forma e opção de vida! Acho que cor de pele ou opção sexual não desqualifica caráter de ninguém, mas tbm não qualifica automaticamente! Seja a pessoa branca, negra, laranja ou lilás, goste ela de meninos, meninas, animais, árvores ou pedras! Simplesmente uma coisa não tem nada a ver com a outra! Se não se esperava essa votação dos negros, quer dizer que se esperava essa votação dos brancos? Quer dizer então que se a maioria dos brancos tivessem votado a favor dessa emenda (na verdade, 51% dos brancos votaram contra) estaria tudo normal, o mundo estaria girando pro lado certo e ninguém iria se indignar? Eu acho que a indignação tem que ser dessa emenda ter sido aprovada at all. Sejam as pessoas que votaram a favor dela brancas, negras, laranjas ou liláses, pra mim são todas estúpidas!
Eu faço parte da dita elite branca heterossexual do mundo, e em muitas situações eu fico me sentindo a personificação do mal, a própria encarnação do capeta por causa disso. Ainda bem que eu sou mulher e tenho pelo menos uma minoriazinha pra chamar de minha. Mas se eu fosse homem, aí eu tava fulminada! Por que aí eu representaria o fenótipo exato da maioria dos responsáveis por atos cruéis e burros de preconceito. Mas se eu fosse um homem branco, rico e heterossexual isso faria de mim uma pessoa automaticamente ruim? Eu acho que o fato de ser branca não me faz melhor do que ninguém, mas também não me faz pior e eu não sou obrigada a carregar a culpa do mundo por causa disso. O que me faz melhor ou pior são as atitudes que eu tomo, o jeito que eu trato as pessoas, o meu caráter.
O problema é que a gente encaixota as pessoas segundo critérios completamente arbitrários e espera que elas possam ser completamente definidas, explicadas e escolhidas por esses critérios únicos. Por exemplo, o Obama é negro. Isso é parte dele, mas isso não DEFINE ele e tem muito pouco a ver com a competência que ele tenha ou não de governar. Ou alguém por acaso acha que a competência (ou falta de) do Lula na presidência tem a ver com o dedo a menos que ele tem ou com a lingua presa? O fato do Obama ser negro e ter sido eleito é MUITO importante, porque mostra que as barreiras do preconceito estão começando a cair e essa burrice toda sem sentido que martirizou os negros por tanto tempo está começando a ser descartada. Mas o fato puro e simples dele ser negro, pra mim, não é um motivo pra votar nele. E nem pra deixar de votar. Se ele fosse negro e um completo BOLHA, eu não votaria nele. Eu votaria nele porque ele é inteligente, dinâmico, esclarecido e outras características que são IMPORTANTES para a escolha de um presidente. Cor de pele não é importante pra escolha de presidente. Eu voto nele porque, nesse assunto polêmico de casamento gay, ele falou tudo! Ele disse que casamento é casamento. É sacramento ligado a crença pessoal de cada um, então cada um que se entenda com sua Igreja, que por sua vez não tem nada a ver com o Estado. Mas união civil é união civil e aí assim é assunto pra lei! E para dois cidadãos fazerem um acordo de uma vida comum, garantindo direitos de ambas as partes e tendo isso garantido e assegurado por lei, pouco importa que eles sejam heterossexuais, homossexuais ou panssexuais. Basta que eles sejam cidadãos. E tem cidadãos nos caixotes dos heterossexuais e dos homossexuais.
Depois de tudo isso e várias outras coisas terem passado como um tufão pela minha cabeça, uma terceira coisa me indignou nessa notícia: Quem que fez essa pesquisa de cor das pessoas que votam? PARA QUÊ foi feita essa pesquisa? Já não foi mais do que cientificamente provado que NÃO EXISTE essa questão de raça? O que que isso tem a ver com a cidadania da pessoa?Eu acho que enquanto esse encaixotamento de gente continuar existindo e para as coisas onde nada disso é importante vc tiver que escolher um caixote branco ou negro, hetero ou homo, mulher ou homem pra pular dentro e ter que ser definido, mesmo que temporariamente por isso, nós estamos longe de vencer os preconceitos que ainda existem nesse mundo! Eu acho que eu sou um INDIVÍDUO, sou muito mais do que uma mulher branca e heterossexual! Eu acho que esse encaixotamento devia parar. OU então, se tiver mesmo que encaixotar, que arrumem mais caixotes! Que se o negócio é definir, vamos então definir direito! Vamos colocar o genoma inteiro de cada um, todas as características da pessoa, e depois cruzar os dados pra ver o que que dá! Aí talvez faça algum sentido. Quantas pessoas narigudas votaram contra a proposição 8? Alguém mediu quantas pessoas que tem o segundo dedo pé maior do que o dedão votaram a favor? Vai ver que 100%, e que são elas as verdadeiras culpadas da aprovação. Vai saber!
P.S2: Minha formação acadêmica é em Ciências Biológicas. Não entendo lhufas de humanas. Tudo que eu falei saiu de dentro da minha cabeça, e se teve alguma besteira gigantesca, um despropósito qualquer, uma heresia, por favor me ensinem e me expliquem o certo. Por que eu juro que o sentido disso tudo tá me escapando.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Can we?
Mas que é foi muito bom ele ter ganho, isso foi!
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Rapidinhas
Esses dias minha vida tá uma correria só! Zero tempo!
Mas só pra isso aqui não ficar muito abandonada, vão aí umas rapidinhas!
- O Languedoc é a região que produz a maior quantidade de vinho na França. Mas até algum tempo atrás, o foco era na quantidade, e não na qualidade. Isso já mudou, e vinhos ótimos são produzidos na região. Mas o preconceito ficou e muita gente não arrisca sair do seu Bordeaux garantido pra explorar algumas maravilhas daqui. Pensando nisso e numa jogada de marketing espetacular, um produtor daqui lançou o Vin de Merde, que tem feito grande sucesso! É isso aí! A melhor receita pra se livrar de preconceitos bobos é o humor! (Dica do Lipe!)
- O mundo das estrelinhas do futebol vai ficar mais contido! Foi lançado um "Estatuto de boas maneiras" que deve ser assinado por todos os jogadores convocados da Seleção de Futebol Francesa antes da sua próxima partida. Ele foi elaborado por membros da comissão técnica e já foi entregue ao capitão Henry. Esse estatuto, além de reforçar o orgulho e a responsabilidade de representar a França, estabelece alguns códigos de conduta que, se não observados, serão punidos com multa. Não comparecer a uma coletiva de imprensa ou esquecer de saudar a torcida ao fim de um jogo acarreta no pagamento de 5000 euros pelo jogador infrator. Não é muito, pra quem ganha um salário de milhões, mas já é um começo. Quem sabe seguindo esse exemplo as estrelinhas brasileiras não resolvem descer um pouco do salto?